domingo, 26 de julho de 2015

Emprestado

Tradução da canção "Ticket to the moon", de Electric Light Orchestra. Porque esse disco (Time, 1980) invade minha vida e não é possível deixá-lo passar.


Bilhete Para a Lua

Lembre-se dos bons velhos tempos de 1980,
Quando as coisas estavam tão simples.
Eu queria poder voltar lá de novo,
E tudo poderia ser o mesmo.

Eu tenho um bilhete para a lua.
Eu vou partir daqui qualquer dia, em breve.
Sim, eu tenho um bilhete para a lua,
Mas eu prefiro ver o nascer do sol, em seus olhos.

Tenho um bilhete para a lua,
Eu vou subir bem acima da terra tão cedo.
E as lágrimas que eu choro podem se transformar em chuva,
Que gentilmente caem em cima de sua janela.
Você nunca vai saber.

Bilhete para a Lua
Voar, voar através de um céu perturbado
Até um novo mundo brilhante.

Voando alto,
Planando loucamente através dos mistérios que vêm.
Imaginando com tristeza se os caminhos que me trouxeram até aqui
Poderiam mudar, e eu iria vê-los lá.
Estando lá.

Bilhete para a lua,
O avião sai daqui hoje do satélite 2.
Enquanto os minutos passam, o que hei de fazer?
Eu pago a tarifa, mas o que mais posso dizer?
É apenas uma maneira.

Bilhete para a lua.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Emenda


Acaba um litro,
corro e abro outro
mais forte.

Caderno sem espaço,
invento novas folhas
com tinta de soluço.

Finda os olhos,
busco seus cabelos
de olhos fechados.

Começa a convenção,
derrubo a tradição.
E secando a alma,
lavo o coração.

Movimento n° 8

Eu mar
Você, terra casa
Vou descalço,
Você calça

Eu caço
Eu apanho
A casa chama
E apaga

Você âncora
Nós desatam
Eu remo
O mar arrebenta

Eu céu
Você lua
Ele nuvens
Nós magnéticos

Eu rio
Ele água

Ela nada
Nó de nós

Sujeito primeiro
Sujeita
O seu jeito
De singular

O mar de mim
Aos nós de alma
Suas velas
De nós a casa



terça-feira, 21 de julho de 2015

Reposado

11 anos de lixeira. O caderno mais reciclável (e sendo assim, o mais duradouro e preservado que possuo) da semana.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Cabeça magnética




Muito canais, um só rolo de gravação. Milhares de botões preparando a música para quem só espera "dar o play". 

"Eu quero que esse afeto saia, eu quero que esse teto caia", disse Walter Franco em Mixturação, primeira de "Ou Não". E que, enredado com o Sampaio, está cantando a desconstrução de quem escuta com todos os sentidos. 

               Escuto o vento seco das manhãs, e não entendo. O barco que ajeitei tem as velas impecáveis e prontas para as milhas náuticas atravessar. 


                                       O papel acaba. 



Sula granti


http://users.wfu.edu/djanders/labweb/reprints/Anderson%20et%20al%20NAV%202004.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=lw5MZqi91Jk

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Segundo

Ontem a vida de todo mundo ganhou um segundo no tempo. Ontem as horas do meu dia testemunharam sublime produção e honesta arte, e não perdi nenhum minuto. A noite, essa sim, chegou com horas a mais no meu dia. A lua, esse astro íntimo, anda atrasando meu relógio mundano, pura biologia. Rasgando livros e escrevendo com pulso firme os tantos dias que estão por vir no acostamento do meu encontro.

Um segundo não existe. Duas horas não fazem sentido. Cem anos é pouco.

Não sei porque a queixa, já que, entre tantos segundos, já fui primeiro. Minh´alma quieta dobrou os ponteiros em movimentos metafísicos. E gritando também quebrou preciosidades antigas por capricho e deu corda para vistosos e despenteados amores.


Coração: Meu tempo é agora
Relógio:  Não sejas tolo, pobre coração. Bem sabes que eu não existo.
Coração: Então hei de criar um mundo onde as horas sejam verdade.
Relógio: Inútil tarefa, pobre colega.

E o relógio se apressou para explicar ao inquieto coração a seguinte sentença:

"Aqui na sua Terra também existe verdade. Pule nesse seu mar e sentirá a força do tempo fantasma, do tempo agora. O mar de verdade não perdoa o tempo. Se lhe faltar a superfície, breve humano, vai sucumbir ao chão desse oceano em poucas voltas do segundo."

E o mar assistiu e escutou, e pensou quieto e falou comigo. E suas palavras escrevo, quais foram: "Esse papo não tem fim, é inútil compreender. Eu sou quem congela e quem dá calor. Não preciso do tempo, e meu coração sai de mim em estrela e volta em nuvens. Eu me abasteço de mim, mas não sou auto-suficiente. Eu não seria tão grande sem esses tolos e bravos banhistas de amor e de tempo. Perderia meu sentido se em mim não navegassem precárias jangadas e imponentes naus, saindo e voltando para a terra firme do tempo e para os braços de seus amores. Será que existe mais valor nos peixes, que nem sequer sabem que você, pequeno humano, precisa sempre voltar à superfície, e que não vive sem terra firme? Ou teria o nobre humano seu elevado valor justamente por sua qualidade de amar o tempo?

O tempo não vive de respostas, e o amor não faz perguntas.