quarta-feira, 1 de abril de 2015

Nervo Ciático

Quase ao pé da letra, a carta que deveria ser inexistente, mas que se fez necessária para o escriba escrever:



Amadeu, permita-me dividir contigo um pouco do que se passou aqui nessas últimas horas. Morei em sua cidade por alguns anos, entre 2005 e 2008.
(...)
Faço 30 anos em alguns meses. Aos 19 anos eu começava a viver de verdade, e digo isso sem ignorar os longos anos que precederam essa época sublime. Tudo o que é passado presta-se para a preparação do que está por vir, e mesmo que não nos seja permitido sequer planejar o próximo dia, sabemos que de tempos em tempos vamos topar com nós mesmos, em variadas ocasiões. Esse é o barato da nossa raça, e isso é o que nos move. Conheci o seu menino mais novo quando eu também era novo. Pois bem, eu digo que nascemos sabendo de tudo, e vamos esquecendo das coisas com o tempo. Nunca poderei dizer que estou mais sábio agora, e também nunca poderei negar o valor da paciência e da contemplação que só as incontáveis voltas do relógio podem nos agraciar. Hoje eu sou pai, e exatamente hoje, meu pai está correndo pelas estradas para visitar o pai dele, meu avô José Pinho, nascido em 1920. Aos 94 anos e totalmente lúcido, entrega os pontos e seus órgãos começam a desobedecer a vida. Hoje, agora. E há poucos dias, soube da morte do Sr. Mário, pai de uma pessoa muito importante para toda a minha trajetória, através de uma postagem sua no facebook. Por tantos fatos dignos de nota, e por outras coisas que somente eu saberei, é que escrevo para você. A vida é a soma de nossas mais valiosas memórias, e de seu filho Breno, tenho as mais sublimes recordações. De um filho, amigo e pai. Receba, de alguma forma, um abraço com carinho.