sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Split myself in two


Angústia
(João Ricardo - João Apolinário)



Agonizo se tento
Retomar a origem das coisas
Sinto-me dentro delas e fujo
Salto para o meio da vida
Como uma navalha no ar
Que se espeta no chão

Não posso ficar colado
A natureza como uma estampa
E representá-la no desenho
Que dela faço
Não posso
Em mim nada está como é
Tudo é um tremendo esforço de ser

Dois anos e duas semanas

Dia 19 de fevereiro de 2008 eu voltei para a casa dos meus pais. Havia acabado o carnaval, e na minha vida só cinzas e dores em cartaz. Estava cavando uma sepultura não só para meu corpo, mas também jogando terra nos meus sonhos e levando dor a pessoas tão queridas. Não foi só maldade, eu sei. Mas o balanço final não foi agradável.
Aprendi muita coisa, vivi novas e excitantes experiências, caí nos mesmos erros, tentei reparar outros erros com outros personagens, me martirizei, me livrei do passado e continuei andando. E continuo não medindo a vida através de meses, anos ou horas. Percebo as mudanças através de atitudes e como eu penso e reajo diante dos fatos. Uma mudança específica me deixa feliz, porém não convém comentar aqui. Posso dizer que o maior tormento da minha mente foi vencido, e tendo sido expulso da minha vida, levou outros consigo.
Experimentei a tal "liberdade" que todo pós adolescente quer tanto, que é sair das asas dos pais. E hoje, tendo voltado para elas, me sinto bem e não me desespero mais para ter o meu canto só meu. Meus pais são meus amigos, e há dois anos quando eles vieram para Jundiaí, precisavam de um filho, de um amigo com eles. E eu deixei-os partir, sozinhos e em uma situação completamente carente de ajuda. Pensei em mim, e no amor que me movia. Não posso mais fazer isso. Não sou mais tão egoísta.
Descobri que não tenho controle do mundo ao meu redor, só de mim e vez ou outra nem de mim. Mudanças estão acontecendo, e sempre será assim. Aceitar a vida como ela é: isso sim é um desafio que deve ser cultivado e bem aprendido, pois será assim sempre.
Há dois anos eu já sabia de muita coisa, e desconhecia o real significado de muitas delas. Continuo a saber de muitas e outras, e ainda não sei de quase nada. Então, aceito o desafio de viver. Quero esquecer e aprender, tentar e contemplar, gostar e esquecer e viver e viver.