segunda-feira, 14 de outubro de 2013

13 RPM (ou devaneios e conclusões sacados de um toca-discos)

É chegada a hora da grande pausa, necessária para virar o disco. A novidade da primeira face gira rumo ao seu fim, e encontro meu nome no lado B. O título do álbum foi impresso à ferro quente na última canção da face oculta, agora revelada em tom maior e em graves e agudos cristalinos.

Não pretendo descrever a arte do álbum, pois o que escuto agora chegou sem capa nem contracapa, e com minhas mãos desenhei e escrevi os movimentos do entendimento. Tão pouco importa a estética do que é plano, e que mesmo com alguns scratchs, a agulha risca sem sangrar e faz durar mais do que alguns minutos o que está cronometrado.

A outra face também chegará ao seu fim, não se pode negar tal evidência. Todos os lados acabam com algum ruído seguido de silêncio. E quando o disco acaba, o que vale mesmo é manter a vitrola rodando bonita. Discos podem ser clássicos, de novela ou intocáveis, e jamais irão tocar sozinhos.

Estendi a mão e saquei a bolacha de 12" da pick-up, e o prato segue girando. Tudo bem, agora é hora de usar o fino linho e a nobre mirra para o que vai além dos lados de um disco ou da estória. De tanto rodar em  comércios velhos e cheios de limbo, de caminhar tardes inteiras à procura de alguma raridade escondida, é chegado o momento da apreciação da busca, que encontrou sem saber o disco mais vivo dessa era de passos largos e pausas longas.

(com a ajuda de Raulzito, Philips 346 e o final de semana que ainda não terminou)



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